Foi com ventos enchendo as velas Que demos um dia a esta praia Estendida a nossos pés Onde erguemos a nossa cabana Onde ousámos dar asas aos nossos sonhos
E voámos com eles E desbravámos veredas Fizemos vista grossa aos perigos Do precipício inventámos passagem Fomos deuses
Senhores do lago e da bruma Donos dos céus e das marés Trilhámos percursos onde havia apenas areia Deixámos marcadas as nossas pegadas E apagámo-las sem medo de reescrever A nossa história
E foi assim Divinal Perfeito E assim foi E foi assim E assim foi Perfeito
Até descermos à terra Até sermos vergados à nossa condição humana Onde a dúvida se instala Onde se adia para amanhã o futuro Onde tudo se adia, tudo se adia
E o amanhã que se anseia não chega E o amanhã que chega é outro E nesse amanhã que chega A flor do nosso amor De tanto esperar quase secou, quase secou
Mas a flor resistiu resistiu por ti Mas a flor resistiu resistiu graças a ti Tu que nunca desististe do teu sonho De um amor e uma cabana, fomos deuses E como mulher precavida foste conservando A cabana de pé
E mantiveste o fogo dos amantes aceso Queimando com o que podias queimar Certa que o meu caminho de ida Teria sempre volta Num regresso inevitável até ti
E foi assim Divinal Perfeito E assim foi E foi assim E assim foi Perfeito