Meu nome é Ana e sou viciada em música É ela quem me chama quando eu já não estou lúcida Quando o mundo desaba e o coração se quebra é ela Que o cola e sara, ela é que me devolve à terra
Ella como Fitzgerald, dura como a battle Eu gosto dela negra como heavy metal Bela com som ou a capella, zuka como novela Tuga como a minha terra ou afro como o Fela
Ela é como um exorcismo e eu cismo em viver dela É imprevista como um sismo e eu finjo conhecê-la Sê-la é o que eu faço hoje, foi a única saída E foi um Dj, de facto, que salvou a minha vida
Noite camufla Sumo, supra-sumo Eu, rumo ao abismo Tipo Gizmo batismo
Domínio, uno Luzes do globo Cores do todo diz Dá até a impressão que todo mundo é feliz
Os ladrão e as meretriz Brindes de fel Lembrei da voz do Blue Os passarinho e as cascavel
Veneno é mel no inferno Sou Xangô sem alarde Minha alma não vai se fundir com os covarde
Vim pelo som Meu bom, meu dom, meu Deus Zoom no piston, toca, alvo da fé dos ateus
Tonelada e mais tonelada de tretas, sujeira Solidão como karma e a música de companheira Fui
Ela surge como um vendaval Força que me faz existir És enredo do meu Carnaval Ela é Jamelão, Zé Keti
Ela quem me afasta do mal Me livra dos pé de breque Minha oração, ritual Ela é quem é
Pra mim biográfico, pra ti cinematográfico Eu estava nos barracos dos bairros problemáticos Meus putos estavam na batida do dinheiro rápido A tentar sair do buraco através do narcotráfico
Meu mano Dida disse Viris, vê se te resguardas Fica na retaguarda, nesta vida não te enquadras Aqui é só vender quartas, fugir dos guardas Correria e esquadras, a tua cena são as quadras
Larguei a rua insana, resolvi rimar o panorama Hoje sentes os quilogramas de versos que eu kamasutro Divulgo a trama nesta minha rotina suburbana Componho dramas tão vívidos chamam-me de dramaturgo
Metade dos meus manos hoje estão encarcerados Meu mano Osvaldo, baleado e enterrado Tenho sempre as caras deles nos meus pesadelos Se não me tivesse afastado teria acabado como eles
Hoje sou eremita, veículo da rima honesta Compenetrado como um islamita na mesquita E eu limo arestas nestas palavras funestas Lágrimas e luto, não há festa nesta escrita
Ela, ela é Ela, ela, ela é quem é Ela
Ela surge como um vendaval Força que me faz existir És enredo do meu Carnaval Ela é Jamelão, Zé Keti
Ela quem me afasta do mal Me livra dos pé de breque Minha oração, ritual Ela é quem é