Sentada, lia em pouca luz Longe uma outra brilhava Notou por entre o abajur E entre as cortinas da sala
E então se pôs a reparar De prédio em prédio as sacadas E a solidão então se abriu Em uma união forjada
Será que entre as janelas E as paredes de outras casas Alguém também se viu assim Procurando a quem contar as mágoas?
E o seu coração se abriu Procurando um motivo fácil Pra explicar tanta saudade De tudo que ela não viu passar
E é tão fácil estarmos sós, eu sei Eu já tentei me convencer Que é tão mais fácil achar alguém Do que se conformar
E ela se sentou ali Debruçada junto da janela Tomou todo o seu café E se esqueceu da madrugada
Ela tentou lembrar do outro dia E a semana longa que esperava Se fez mais um favor e riu Era a própria vida que salvava
Olhou pro céu azul em breu E lembrou quão nova estava Pra se preocupar com a altura Ou a distância que saltava
Decidiu jogar as armas fora Decidiu abandonar os dados Deixou a porta escancarada E a chave na mesa da sala
E é tão fácil estarmos sós, eu sei Eu já tentei me convencer Que é tão mais fácil achar alguém Do que se conformar Em ser só mais um outro alguém Sentado na mesa de um outro bar Validando a teoria de que é Mais fácil se acostumar Mas não venha me dizer Que ninguém tentou te avisar