Falado Carolina foi uma mulher, negra como a noite, que por um bom tempo, fez dos meus pesadelos sonhos com uma grande intensidade de verdade. E tenho dito que quando a morte vier me chamar, assim todas as coisas que vivi e que senti virão a cabeça, Carolina reviverá. Guardiã de minha infância ou simplesmente um pesadelo, ela ficou presente, me possuindo até os meus dez anos, aproximadamente. Por estes dias comecei a me lembrar dela, mas não tenho muita recordação de seu rosto, mas ao que me parece, Carolina fora uma mulher triste, abalada por seus dizeres de que os brancos são melhores que os negros, que não são como algodões que limpam. Negros, ao ver dela, são como pedaços de carvão, que só tendem a piorar o que está sujo
Cantado Sei que um dia eu hei de partir Carolina me esperará Vestida de carne, negra de algodão A penumbra acendeu minha voz E hoje durmo entre os maus lençóis Glorioso tempo, feito com sabão E não descansa Da escuridão E não se cansa De proteger e perdoar o meu coração Tenho que arrumar minha última mala E guardar os retratos da sala Na parede feita com barro de seca Proteger as crianças da fome Registrá-las com meu sobrenome E morrer do prato que as consolará Carolina ficará Mas nunca terá vontade De me levar embora pra fora do mundo Carolina deixará E a ganância passara Carolina então, vem me buscar em menos de um segundo