Todos os dias, dias da vida correndo pra cima e pra baixo Atrás de um "faz-me-rir", alguns centavos Minha barba mal feita, meu cabelo raspado Meu tênis gasto e furado E se chover fica molhado, encharcado (não diga) Bateu mó friaca vou dormir cobertor furado Tomar café da manhã com um pão do dia passado Chinelo quebrado, remendado, com um prego de cada lado Meu pai falando todo dia na minha orelha Que vai por norte criar gado Jogando na cara que me sustenta Que eu já sou cavalo mandado Deu pipoco no fuzil, puta que pariu, banho gelado A fiação mal instalado, goteira pra todo lado Ideia de favelado sim, e também de desempregado Porque 10 contos é dinheiro Pra quem mata cachorro a berro alto Alguns entendem a situação, outros tiram um barato Confesso que é engraçado Melhor rir em pé do que chorar deitado, amuado Pneu da bike furado, sem celular Sem mp4 pra escutar uns sons mocado Nem de skate dá pra andar Porque o parafuso de base tá espanado É tanta zica na minha vida que os camarada fica espantado "como ficar internado? E o médico chiando pra me dar atestado E eu perco meu trampo no bairro Porque ele ta meio invocado Manda enfaixar meu braço e fala "nunca ouvi falar que alguém morreu de trabalho" Coisas do meu passado que eu lembro e me racho Mas nem esquento a cabeça E empurro o barco no asfalto, "falou academia status"! O importante é ter fé em deus Que os ventos fortes nem me abalam Força de vontade e humildade são fortes aliados, né não?
Refrão Seja zica, pra não ser zicado Corro pra todo lado, perseguição implacável E às vezes penso que os meus dias estão contados Mas me deparo com o nascer do sol radiante E vejo que nada é em vão, e aproveito cada instante
Seja zica, e mantenha a sorte Vou praticando flow e rima porque rap é o meu esporte Nem sou correria que nem "papa-léguas" no coiote Falcão, música é alimentação E abastece com rima os seus filhotes E fica forte, como quem toma biotônico Falamos a verdade com irreverência, nego até acha cômico Irônico, ou um pouco de sarcasmo Vê os bem mocado e fica até pasmo E sem maldade, na sinceridade Meus amigos tem humildade, minha casa tem umidade Na real, não vê jornal, não lê notícia, vê a cidade Dá o jornal pro cachorro fazer necessidade Necessidade se instala, mó calor sem ventilação na sala Mó cheiro de vala, ascende incenso, chupa bala Pra tirar o gosto ruim e o cheiro que é ruim Que vem no meu olfato, de fato não é aguim E nem colônia, odores, bactérias, vermes da babilônia A gente deleta coisas que nem absorvo Dinheiro vira carniça e humano vira corvo E o povo, briga atrás do seu que nem urubu no lixo Falcão não aparece no meio das aves Traz as tracks no capricho E nesse vício a zica vem no meu ofício As ideias fritam como o solo do nordeste O subsolo aqui da leste Minha letra diz bem o que eu bolo Com os camarada, sem controle eu me controlo Sem patifaria na quebrada, com os irmão é só risada Dá rolê de boot largado, com meia furada Situação engraçada que a gente questiona Pegar os controle e nenhum deles funciona Sentir o cheiro de pizza E ter que se conformar só com as azeitona E pra uns pico a pé que ninguém vai Uns reclamam da vida que tem E eu agradeço a cada dia pai A zica que vem é a mesma zica que eu dou bye E pega os pano e o sabão pra sujeira da hó mon tchain
Refrão Seja zica, pra não ser zicado Corro pra todo lado, perseguição implacável E às vezes penso que os meus dias estão contados Mas me deparo com o nascer do sol radiante E vejo que nada é em vão, e aproveito cada instante