Onde não se imagina Eu vejo a melancolia, Eu vejo a melancolia No vidro fosco dos carros, Nos cadarços dos sapatos E no olhar desconfiado.
Eu vejo a melancolia No som do desespero, Dentro de todo gemido, Na saliva de cada beijo;
Quando me olho no espelho , Na rótula do meu joelho, Nos sorrisos de alegria, Na luz do sol que brilha E nos curativos sujos de pus Feitos em mim Depois da cirurgia.
É algo muito esquisito Não tem como explicar, Eu vejo a melancolia Nas agulhas que a enfermeira Crava na minha veia, Nas promessas não cumpridas, Quando estou no banheiro E embaixo do chuveiro.