Sou nascido no Paraná Num recanto cheio de beleza Onde eu passei a minha infância Rodeado pela natureza Eu morava junto com meus pais Meus parentes nas redondezas A noitinha todos se encontravam A viola alguém ponteava Não havia lugar pra tristeza
Na entrada do carreador Bem de frente para o estradão Ficava a escolinha de tábua Onde eu aprendi a lição Trinta e três era o nome do sítio Numa placa fincada no chão Lado esquerdo gaúcha ficava A cidade que a noite brilhava Pra direita ia pra Rondon
Aos domingos tinha futebol No almoço galinha caipira Tinha jogo de bocha e de malha No riacho tinha pescaria Os cachorros Chulico e Tarzã Caçadores iguais não havia Não esqueço do boi Corumbá O dourado e o Paraná Dois cavalos bons de montaria
Quando alguém se casava no sitio A barraca armada no terreiro O bailão amanhecia o dia O meu pai era o sanfoneiro Vês em quando armava arapuca Tratava dos porcos no chiqueiro A tardinha em grande algazarra Lá na mata cantavam cigarras Alegrando a volta dos roceiros
Como as águas que passam no rio Minha infância um dia passou Nos mudamos pra cidade grande A saudade me acompanhou Meu recanto acabou para sempre Meus cabelos também branqueou As batidas no peito é doida Ao lembrar minha infância querida Que o tempo pra sempre levou.